O sol espreita por entre as nuvens escuras que prometem aguaceiros.
Alguns raios de luz iluminam a cidade de Lisboa, enquanto os chuviscos se desinibem e molham as nossas calçadas. O corrupio para os vãos de escada, ou para baixo dos beirados é imenso.
Não me abrigo. Fico em plena Rua Augusta a molhar-me, provavelmente, tanto como os que se acoitaram, pois as varandas não são suficientemente grandes para os proteger da chuva.
Esconderam-se da beleza e calculam que eu deva ser louca, por permanecer sozinha do local de onde todos fugiram. Não me importo com o pensamento alheio.
Contemplo o Arco da Rua Augusta iluminado por um Arco Íris gigante que irrompe impetuosamente o céu negro. Alguns turistas apercebem-se da excelência do momento e enfrentam os aguaceiros em chinelos e de máquina fotográfica pronta a captar a alegoria.
Ignoro-os e continuo a minha curta caminhada até ao trabalho aproveitando a envolvência
Lisboa não cheira a cidade, cheira a chuva e transporta-nos para outro mundo dentro do mesmo em que vivemos todos os dias, sem que lhe prestemos muita atenção.
Acaba a viagem. A porta do escritório deixa do lado de fora a minha cidade. Um dia intenso espera por mim entre paredes e janelas fechadas.
Mas sei que tenho o encontro marcado com Lisboa à hora de saída do expediente, e a noite traz sempre brilhos diferentes à minha existência.Não consigo passar onze meses no ano a idealizar os meus dias de férias que passam num ápice. Adoro essas evasões, mas aproveito todos as outras que a vida me oferece.
(Texto premiado na Revista Rotas & Destinos)
2007-05-30
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1 comentário:
Pois, parabéns mais uma vez.
E essa coisa de pensarem que és louca ... caga nos gajos, acredita em mim, é mesmo bom sermos um bocado diferentes, é que somos o que somos e fazemos o que nos apetece, não andamos em modas de "não posso fazer isto que fica mal" ... ehp!!!
Gosto de ti, mesmo molhada e tudo, desde que continues assim um pouco louca, não faz mal.
Mas diz-me, e conseguias ver o gajo em cima do cavalo ou nem por isso?
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