2007-07-26

Infância adiada

Os que me julgam nada sabem
E não me interessa o julgamento
Vivo a vida como quero
Desviando o pensamento
Desse terrível momento
que me roubou a alegria:
Uma violação calada
numa infância adiada
consome-me a cada dia.

Nunca chorei uma perda
Nunca sofri por amor
Encaro cada vereda
Mais um caminho na dor

Nunca consegui chorar
O momento que vivi
Mas queria não acordar
Ou viver longe de mim

Mais tarde,
velha e cansada
Mas, para sempre, angustiada
Espero a morte com amor.

E quando a terra caiu
e o meu caixão ruiu
abandonou-me a vergonha
da criança que não sonha
Foi, então, que percebi
Pois uma lágrima vi
na minha face a escorrer...

E já de olhos fechados
Com os pés e mãos atados
No dia em que para todos morri
Foi quando, para mim, renasci

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