2008-01-18

À minha avó Antónia

A minha avó era uma pessoa linda, com pouca riqueza material, mas com um espírito repleto de grandeza, guardava nele toda a sabedoria duma vida traduzida em amor e espiritualidade.
Lembro-me que sempre que a visitava, há uns anos atrás, ela ficava a acenar-me um doce adeus na esquina de sua casa. Era uma grande mulher em todos os sentidos. Lembro-me que quando criança achava que ela era enorme, de acordo com a evolução natural da vida, fui crescendo e ela tornou-se mais pequenina do que eu, mas nem notei. Para mim, ela continuava com a sua mão enorme e marcada da enxada, a perder a rudez dos seus actos em cada adeus e em cada beijo que me dava. E continuava tão grande!
A doença foi tomando conta do corpo dela, e os seus acenos passaram para a janela da sala, depois para a do quarto, e mais tarde para o hospital até deixar de acenar, e sermos nós que nos despedíamos dela. Mas não a vi minguar, pois conhecia-a desde sempre e mantive essa imagem. Guardei todos os seus “adeus”, e esqueci-me do último pois não consigo ou não quero lembrar.

1 comentário:

Unknown disse...

GRANDE Senhora!

Tive o privilégio de a conhecer e o seu sorriso jamais partirá da minha memória.

Estarás em Paz, de certeza, e orgulhosa dos jovens que ajudaste a criar e conheceste.

Jinho